Domingo, 3 de Abril de 2011

Hoje fui correr, que o sono não me preenche, e o coração pesa. Vesti-me cedinho, ainda o sol não brilhava totalmente e meti-me na cama outra vez, esperando o sol abrir-me os olhos quentes de água. Escrevi um papel "fui correr para a pista, não levo telemóvel nem chaves, só o relógio" e saí de mansinho vestida de preto chorando. Era tão cedo que só no hotel havia movimento e até os bombeiros tombavam nas cadeiras e babavam. Ia andando, com o mp3 no decote para não fugir e a música tocando alta. Cheguei finalmente à pista e inspirei. Dei a primeira passada e comecei a correr como há muito não fazia. E a música mudou "Even if you're rich, Even if you're poor, Every breath you breathe, I'll be there for you". Oh como chorei. Como gritei. No meio do nada, só com o verde a me rodear eu chorei por ter errado. Mas continuei a correr, incrédula por possuir tantas lágrimas em mim. A verdade é que tropecei, os olhos marejados de água salgada moveram-me as lentes e eu tropecei. Dei uma bela queda, rolei a mouta e fui cair perto de umas árvores cortadas. Devo-me ter magoado tal não fora o reboliço da minha queda, doía-me o queixo, e nos joelhos via-se sangue. Devo ter sorrido, porque o sangue é algo que me aviva. E continuei a chorar por ver quando tinha caído e como arranjaria forças para voltar a subir. Em verdade vos digo, às 7 da manhã não fora a única a ter vontade de correr. Um semblante alto e forte, com barba e de calções apareceu a transpirar “ouvi os teus gemidos e corri até te encontrar”, desceu a mouta e veio no meu encalço. Pegou-me no colo e levou-me de volta à pista. Deitou-me sobre o chão e viu as minhas feridas, tirou um lenço do bolso e tapou-me o sangue vivo que saía. Oh como eu chorava, como eu chorava mas de tristeza. Pôs-me a mão na testa e desviou-me o cabelo e perguntou porque chorava. Eu falhei, eu falhei e destruí tudo. Elevou-me, e pegou em mim ao colo. Caminhou comigo uns quantos metros e depois deixou-me no chão outra vez. Não se foi embora, deu-me a mão e pôs-me a caminhar com ele enquanto eu chorava. Chorei incansavelmente durante dois quilómetros até que começamos a correr finalmente. Ele disse “inspira o ar puro, o cheiro das árvores vivas e vê os pássaros no céu. Tu não falhaste, que ainda estás de pé mesmo com folhas no cabelo e restos de terra nas costas. Inspira e não te deixes perder, não te deixes desistir. És uma guerreira, que cresce virada aos céus.” Estive com ele três horas. Depois, trouxe-me ao carro dele. Deitou-me no banco de trás. E disse que me levaria a casa. A realidade é que me devolveu ao conforto de casa, deixando na minha mão o seu contacto e sobre a minha testa depositou um beijo.



publicado por naná às 14:38 | link do post | comentar | ver comentários (14)

mais sobre mim
arquivos

Abril 2013

Novembro 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Dezembro 2011

Setembro 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010