a gente vai-se habituando à solidão..vamos querendo mais e mais a cama feita..a porta fechada..e as folhas em branco para escrevermos a nossa pacata vida. depois..há uma mudança, há um je ne sais quoi que se altera... e a rotina da solidão deixa de fazer sentido...é incrível quando nos habituamos a algo e logo a seguir temos que mudar. seja pelo que for. tantas as vezes que isso aconteceu na minha vida, e cada vez mais eu penso nisso. a morte do meu pai, as mudanças de casa, a minha turma...ou até o pequeno facto do café não ser mais o mesmo. coisas tão pequenas, ou tão monstruosas, mas que mudam tanto, que alteram tanto. e a rotina...vai mudando. deixa de ser rotina e passa a ser dia-a-dia, sempre moldável sempre diferente. o nosso corpo tenta habituar-se á mudança, o nosso cérebro tenta assimilar tudo isso..mas muda tudo mais uma vez. nova cidade, novas pessoas. um curso tão chato quanto fantástico. amigos novos tão incríveis...e mudamos tudo de novo...incrível como o nosso corpo se tenta habituar e não desiste. incrível como os nossos olhos ao fim do dia se fecham de cansaço, mas adormecemos com um sorriso. incrível...como a cada dia que passa aprendemos a amar aquilo que temos, a amar as pequenas coisas, a amar as pessoas, e a amar quem nos ama. talvez nada seja eterno, talvez a terra afinal não seja redonda, talvez matemática não seja difícil, talvez o amor não seja só para alguns seres especiais capaz de o ter e de o receber. certo é, que quando algum de nós a ele tem direito, tem o dever de o cuidar, de o manter e de o ter. e a solidão..essa resta perdida entre os lençóis, entre as manchas de choros na almofada...essa resta...como uma memória...um dissabor da vida.